A TRILHA DA TRANSFIGURAÇÃO

A TRILHA DA TRANSFIGURAÇÃO

Trilhando o inóspito Território do Mistério, não nos surpreendamos se tivermos de andar por encostas íngremes, declives e vales acentuados:fazem parte desse estranho Território...
Ao  cruzar essas encostas íngremes, cujos declives nos tiram o fôlego, deixando-nos bastante exaustos, percebemos que estamos passando pelo Território da Transfiguração;
Essas encostas íngremes são perfeitas para "amaciar" e "amoldar" a nossa vontade,sempre centrada e dominada pelo Ego, á vontade do próprio Mistério;
Muitas vezes, nem acreditamos que existam encostas tão  escarpadas; ali, é preciso andar devagar; ora são  mais altas, ora, mais baixas, cansando, ainda mais, nosso Ser já tão cheio de  antigas feridas e cansaços egóicos;
A primeira coisa que se pensa é desistir e voltar:a área  é muito extensa e difícil, para nossa humana fragilidade, mas sabendo onde estamos, compreendemos que é preciso avançar, ainda que seja vagarosa e dificultosamente, ainda assim, é a única coisa a fazer;
E, na aridez do percurso, vamos fazendo uma ronda por nossos sentimentos e pensamentos confusos e atordoados pela debilidade do nosso Ego; descobrimos que, mudando nosso estado de espírito, repentinamente, ele é capaz de mudar, também, a forma como vemos e entendemos os acontecimentos de nossa vida;
A insensatez do Ego é tanta que, freqüentemente, em situações que poderiam ser facilmente evitadas, somos atropelados por nossos delírios egóicos e, por isso, acabamos atropelando quem estiver na nossa frente,
E , no Território árduo da Transfiguração, o Ego sente-se, eternamente, desacomodado e incomodado; as dificuldades das subidas e descidas desinstalam-no de seus lugares cotidianamente comuns, cansa-se, exaspera-se, exaure-se, mas , nesse cansaço, liberta a alma de sua cela egóica, para outras visões e compreensões, mais reconfortantes e promissoras;
Com a exaustão do Ego, a alma sente-se, finalmente,  livre, para sondar mais profundamente, aquele Território; seus pés são leves e ágeis, para andar ali;
Sobe com leveza e desce com clareza; sente-se fascinada pelo Lugar; faz pausas para admirar a paisagem, notando detalhes de acontecimentos passados que, antes, não teria notado, reconhece que precisa desvincular-se da visão extremamente centrada do Ego, para uma visão circunferencial de tudo e de todos;
Sente-se à vontade, ali, ao contrário do Ego que, percebe, mesmo que, vagamente, nos declives e aclives, suas próprias deficiências e deformidades; tudo ali lembra a si mesmo, por isso, quer fugir e voltar...
Mas a alma, não, a alma deseja explorar aquele Território selvagem, pressentindo que aquelas encostas escarpadas escondem  algum Refúgio secreto, alguma Clareira transcendente, e prossegue;

E, durante o caminho, a alma consegue projetar-se, para muito acima e além do Ego, antevendo paisagens indescritíveis e jardins paradisíacos, onde, mais cedo ou mais tarde, um dia, ela irá entrar e descansar, para sempre...

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