A FILOSOFIA DO ENCONTRO
É enquanto me reconheço como um ser entre tantos seres que, tomo
posse de mim mesma para, utilizando minhas capacidades, contribuir para uma
mesma Humanidade.
É enquanto ser vivente que
posso participar, colaborar e construir um mundo melhor.
A minha vida, em si mesma,
não possui significado, se não for partilhada e compartilhada.
O simples fato de EXISTIR já
põe o HOMEM em uma rede de correlações: consigo mesmo, com o mundo ao seu
redor, com os outros homens. Essa é a tessitura da História Humana.
Não existo apenas para , mas
profundamente COM; comigo mesma. Com o mundo ao meu redor. E com outros, outros
que, mesmo diferentes de mim, pedem o meu olhar, a minha voz e o meu gesto.E para realmente ESTAR COM os outros, preciso despojar-me, ao
menos, minimamente, de mim mesma.ESTAR PLENAMENTE COM O OUTRO não me anula, apenas me põe em contato com outra dimensão ainda desconhecida de mim. É essa atenção plena pelo outro que pode
levar-me ALÉM DE MIM MESMA.Por isso, o despojamento de mim não me assusta:ainda
sou eu mesma, mas sinto que POSSO SER MELHOR.
Não existimos para as coisas,
mas as coisas existem para nós:isso
deve e deveria, sempre, significar e
ressignificar o sentido maior da SOLIDARIEDADE HUMANA, uma vez que tudo o que
existe, todas as coisas conhecidas e produzidas pelo homem preexistiam, são
anteriores a ele.Se o homem cria e produz alguma coisa, o faz a partir de algo
preexistente, anterior a ele. Então, porque ALGUNS acreditam serem donos do que
produzem?E o que realmente TERIAM se tudo o que existe deixasse de existir ou
nunca tivesse existido? As coisas adquirem função, a partir do homem, mas o
HOMEM se significa e significa OUTROS HOMENS e faz isso somente pelo fato de
EXISTIR, mais ainda, DANDO SIGNIFICADO A EXISTÊNCIA DE OUTROS HOMENS.
A negação da solidariedade prova que só , realmente, experimentando a
dor do Outro, somos capazes de
acolher a Misericórdia. Por isso, ou aprendemos, intrinsecamente, que a Misericórdia é necessária para a convivência humana ou a própria e mais legítima Dor irá nos comprovar isso. Porque, infeliz, porém eficazmente, a Dor humana nos esvazia de nós mesmos e nos
aproxima dos outros.É a sua grande lição.
Urge compreender-se que
EXISTIR precisa induzir a uma participação
na tessitura da Humanidade; participação que envolve o observar, o
refletir, o decidir e o agir.Tomar parte do Todo e do Tudo, enquanto se existe.Participar do tecido
humano preexistente, tornando-o ainda
mais atemporal.
Esse tomar parte implica em
desfazer-se de uma parte de si mesmo para tornar-se, em correlação com outros, alguém ainda melhor.Pode haver consenso, sem
total anulação de mim mesma ou do que penso e sinto.Minha consciência não
impede que eu renuncie temporária e
parcialmente de mim mesma, para que outros possam também participar e integrar-se ao Todo.Por isso, Existir não
implica que minha própria existência seja
tudo o que existe; a relação com outros faz com que eu repense sobre minha
própria existência a fim de adaptá-la ao Todo.
Estar no mudo implica, necessariamente, em ser solidário.Uma
História sozinha é vazia de
significados. Uma História, repleta de
personagens, portanto, de pessoas,
ressignifica a própria Existência Huamana.
Fruir o Existir é ser capaz
de estar em paz consigo e em si mesmo.E
da construção dessa paz interior ressignifcar a vida de outros. É saber fruir o silêncio e a solidão, da mesma
forma, que o som e a convivência, pois os opostos não se restringem, mas se comunicam, entre si.Quando
estou só , posso pensar melhor sobre a Existência. Quando convivo com outros,
posso ressignificar a Existência deles.
Dessa maneira, o Silêncio não pode
ser meu juiz ou acusador, mas amigo e
cúmplice fiel do meu próprio Ser. Do mesmo modo, o diálogo deve ser o instrumento da construção das potencialidades do
meu ser, em convivência.Dessa maneira, a solidão é o espaço interior onde fortaleço e resguardo
meu ser. Da mesma maneira, a convivência é o instrumento que favorece a plena realização
do meu Ser.
Somos milhões de seres,
inclusive se pensarmos em seres vivos, somos milhões de seres humanos, milhões
de consciência em plena efervescência.Só
seremos capazes de descobrir a potencialidade de nossas potencialidades, se estivermos em relação uns com os outros e
com tudo.
A Existência de outros ressignifica a minha própria
Existência.São premissas que , não se contrapondo, se complementam.O comum só é
assim, quando conhecido.Mas qual o valor da individualidade, senão quando em relação com outras individualidade??
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